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quinta-feira, 25 de fevereiro de 2021

Inventário no cartório: quais são os requisitos, os valores e o tempo de duração?

 

Inventário no cartório: quais são os requisitos, os valores e o tempo de duração?

Quando acontece a morte de uma pessoa possuidora de bens, direitos e dívidas, há a necessidade de se fazer um inventário. Esse processo serve para realizar a transmissão de bens e demais responsabilidades aos herdeiros. Costuma demorar, ser burocrático e dar bastante dor de cabeça quando as partes não concordam em pontos específicos. No entanto, desde 2007, já existe a possibilidade de ser realizar o inventário no cartório, por escritura pública, de forma extrajudicial. A ideia é facilitar esse processo e a vida de quem precisa fazer a destinação dos bens do falecido.

Embora perder um ente querido seja uma das piores sensações, capaz de impossibilitar a pessoa de tomar providências, por estar emocionalmente frágil, é preciso agir com a razão e enfrentar desafios maiores, de forma rápida, para não ter problemas futuros.

Contudo, para que o inventário no cartório seja possível, é necessário que alguns requisitos estejam de acordo com a Lei 11.441/2007. No artigo de hoje, você vai entender como funciona o processo, quanto tempo pode durar, quais são os documentos necessários e outras informações importantes. Confira a seguir.

inventrio no cartrio

1) PRIMEIROS PASSOS PARA FAZER O INVENTÁRIO NO CARTÓRIO

Para iniciar o processo de inventário no cartório, é necessária a escolha de um Cartório de Notas, local este que será realizado todo procedimento do inventário. O cartório não precisa ser exatamente próximo ao domicílio das partes, ou do local onde está situado o bem, ou até mesmo do local do falecimento de quem deixou a herança.

É obrigatório, ainda, a contratação de um advogado. Em caso de inventário no cartório, é comum apenas um advogado cuidando da causa de todos os interessados, já que, para esse tipo de inventário acontecer, é necessário que todas as partes estejam de acordo.

A família deve escolher e nomear um inventariante, este que será o responsável por administrar os bens do espólio. Entende-se por espólio o conjunto de bens deixados pelo falecido. O inventariante terá a responsabilidade de cuidar do processo e pagar os gastos oriundos de um processo de inventário.

Cabe ressaltar que a abertura de um inventário e partilha de bens deve acontecer em até 60 dias, a contar do falecimento, sob pena de cobrança de multa fiscal.

2) QUAIS SÃO OS REQUISITOS PARA A REALIZAÇÃO DE UM INVENTÁRIO NO CARTÓRIO?

Para realizar um inventário no cartório, é necessário obedecer rigorosamente alguns requisitos. Do contrário, o procedimento só poderá ser feito de forma judicial. A escritura desse tipo de inventário é independente de homologação judicial.

Veja a seguir as obrigações para o procedimento de forma extrajudicial:

  • todos os herdeiros devem ser maiores de idade – ou emancipados – e capazes;
  • os herdeiros devem estar de acordo quanto à partilha de bens;
  • não pode haver testamento deixado pelo falecido, a não ser que o testamento existente seja caduco ou revogado. É necessário apresentar certidão de inexistência desse documento;
  • a escritura deve contar com a participação de um profissional de Direito.

Ou seja, se não obedecer qualquer um dos requisitos acima, o inventário deverá ser feito obrigatoriamente de forma judicial.

3) QUAIS SÃO OS DOCUMENTOS NECESSÁRIOS PARA O INVENTÁRIO EXTRAJUDICIAL?

Na hora de fazer o inventário no cartório, é necessário reunir uma série de documentos para listar a quantidade de bens, direitos e dívidas deixados pelo falecido. Vale ressaltar, ainda, que todas as dívidas precisam ser quitadas com o patrimônio deixado. Assim, deve-se reunir todos os documentos de posse para saber o que vai ser transmitido aos herdeiros. Os documentos a seguir devem ser verificados e validados:

  • documentos do falecido são: RG, CPF, certidão de óbito, certidão de casamento – atualizada até 90 dias, escritura de pacto antenupcial – se houver;
  • certidão negativa da Receita Federal e Procuradoria Geral da Fazenda Nacional;
  • certidão comprobatória de inexistência de testamento;
  • documentos do cônjuge, dos herdeiros e de seus respectivos cônjuges (RG e CPF, profissão, endereço completo, certidão de nascimento, certidão de casamento dos cônjuges – também atualizada até 90 dias);

Além dos documentos citados acima, há outros correspondentes aos bens móveis, ao advogado responsável pela ação e aos imóveis rurais.

4) DÚVIDAS COMUNS SOBRE INVENTÁRIO NO CARTÓRIO

Certamente, cada caso é um caso. Apesar do processo do inventário extrajudicial seguir o passo a passo de acordo com a legislação vigente, existem variações que alteram a continuidade do processo.

Só para ilustrar: imagine que, dentro do inventário haja, além do patrimônio, um conjunto de dívidas. Se todos os bens quitarem as despesas, os herdeiros de nada têm direito. Na hipótese de pagamento das dívidas e sobra da herança, esta é dividida. De fato, deve-se haver avaliação e análise da repartição dos bens. Por isso, um profissional com notável saber jurídico é a peça-chave para o melhor resultado.

Por que fazer um inventário no cartório?

Muitas pessoas acreditam que os processos jurídicos devem ser realizados perante o juiz, com corte e testemunhas, assim como ocorre nos filmes. Porém, a realidade é bem mais fácil.

O inventário no cartório é uma boa opção para aqueles que querem poupar tempo e evitar maiores desgastes emocionais. Afinal, lidar com os bens de um ente falecido e os sentimentos ao mesmo tempo não é uma coisa fácil.

O inventário extrajudicial é rápido e pode-se levar cerca de dois a seis meses.

Quanto custa o inventário no cartório?

Toda ação de inventário gera custos que variam de acordo com o valor do bem. O procedimento costuma pesar o bolso, pois envolve, além dos valores da própria ação, honorários advocatícios e impostos incidentes na transmissão e registro dos bens.

Dependendo do valor do bem, o inventário no cartório pode sair mais barato do que o inventário judicial. No entanto, esse valor é tabelado nos estados. Quase todos os cartórios de um mesmo estado cobram o mesmo valor. Para chegar ao preço final, vai depender do valor do bem deixado.

Tem como desistir de um inventário judicial e transformá-lo em extrajudicial?

Sim. Caso os herdeiros queiram desistir de um inventário judicial e fazê-lo por escritura pública, no cartório, é possível, desde que atendam a todos os requisitos citados anteriormente.

Pode-se vender um bem para pagar o inventario no cartório?

Para abrir e prosseguir com o processo de inventário, existem tributos e impostos a serem pagos. A dúvida sobre a venda de um bem para custear o inventário no cartório surge quando os responsáveis pelos bens, direitos e dívidas deixados pelo falecido, por algum motivo, não conseguem pagar o processo.

Embora pareça uma situação complicada, há sim essa possibilidade, tendo em vista que o inventariante tem os poderes de administração dos bens enquanto durar o inventário. No entanto, apenas um advogado poderá responder acerca dos detalhes do procedimento.

E se o falecido só deixou dívidas e nenhum bem?

É comum que os herdeiros não realizem o inventário devido à ausência de bens do falecido. Contudo, não deve-se ignorar a questão das despesas. Precisa-se resolver.

O inventário será feito de maneira diferente, com documentos e escrituras próprias para essa situação.

Na maioria das vezes, não há obrigação de quitar a dívida, mas somente a análise aprofundada por um profissional irá te orientar como agir.

5) QUAL A IMPORTÂNCIA DO ADVOGADO NA REALIZAÇÃO DO INVENTÁRIO NO CARTÓRIO OU NO TRIBUNAL?

Quando abordamos inventário no cartório ou no tribunal, estamos falando, respectivamente, de inventário extrajudicial e judicial. Enquanto no primeiro, resolvem-se as questões em, no máximo, seis meses, o segundo dá um pouquinho de dor de cabeça, já que é mais demorado e burocrático.

Na maioria dos casos, o inventário no cartório é a melhor escolha, visto que é mais prático para todos os envolvidos. Apesar de existir a facilidade, isso não é motivo para a exclusão do advogado, visto que sua presença é obrigatória.

Em alguns casos, há a contratação de advogados baseada no valor dos honorários, o que nem sempre acaba sendo a melhor escolha.

Com a finalidade do inventário no cartório obter sucesso, é fundamental receber orientações e recomendações de um profissional competente. Além disso, essa escolha ainda pode influenciar na agilidade do processo.

Só para exemplificar: ao optar por advogado de Família e Sucessões com notável saber jurídico, este pode escolher um cartório em que se conheça a rotina do local e dos tabeliães e, dessa forma, facilitar o procedimento a todos os envolvidos.

6) NA ABERTURA DO INVENTÁRIO NO CARTÓRIO, O ADVOGADO SERÁ SEU MELHOR AMIGO

Sabemos que é um momento difícil, mas é preciso ser forte e resolver as burocracias que surgem. Após um falecimento, é obrigatória a abertura de um inventário. De fato, as emoções estão à flor da pele e, assim, é normal adiar os processos burocráticos. No entanto, não recomenda-se essa ação. Por isso ressaltamos a importância de um advogado de Família e Sucessões ao seu lado. Através de seus conselhos e orientações, o profissional de Direito oferece assistência, solicita os documentos necessários e agiliza o processo.

Sem dúvida, o inventário no cartório vai ser um sucesso e não haverá preocupações.

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Até mais.

2 Comentários

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Ótimo artigo. Traz informações bastante relevantes.

 

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2021

Como fazer captação de clientes na advocacia

 

Como fazer captação de clientes na advocacia

Não sabe como captar clientes para a sua advocacia? Venha conferir

Publicado por Lucas Souza
anteontem

4 dicas para construir um bom relacionamento com o cliente

 

Sabemos que fazer a captação de clientes não é uma tarefa fácil, principalmente no ramo jurídico, não é mesmo?

Muitos advogados autônomos e advocacias enfrentam esse desafio no dia a dia para atrair clientes e obter bons resultados no seu negócio.

No entanto, embora haja essa dificuldade diária, é imprescindível manter estratégias adequadas no ramo da advocacia para captar clientes. Caso contrário, você não lucra, certo?

Mas, existe um site um código de ética da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), art. 39 da Resolução 02/2015, que proíbe que advogados façam propagandas de trabalho.

No entanto, além de se preocupar em resolver as situações de cliente, o advogado precisa também se preocupar em atrair mais clientes para manter-se ativo no mercado.

Embora haja um código de ética que proíbe a realização de propaganda de advogados, é possível captar clientes por meio de algumas estratégias, sem infringir o código da OAB.

Basta ter cuidado, pois, não funcionam como uma divulgação de alguns produtos como bomba magnética, por exemplo.

Pensando nisso, preparamos este conteúdo com quatro dicas infalíveis para te ajudar a conseguir mais clientes para a sua advocacia. Ficou interessado e quer saber mais sobre o assunto? Então, continue lendo e confira! Vamos lá?

1. Demonstre interesse aos clientes que te procuram

Você já entrou em alguma loja e ficou algum tempo esperando para ser atendido, mas não foi notado? Certamente você foi embora e não realizou a compra do que precisava, certo?

Isso acontece quando a marca não demonstra a importância e interesse de resolver o problema do consumidor. Da mesma forma acontece no setor da advocacia.

Imagine que você trabalha com a venda de estrutura metálica para galpão. Muitas pessoas interessadas pelo seu serviço irão te procurar e demonstrar interesse em oferecer o produto e com qualidade, a venda é realizada com sucesso.

Portanto, não deixe as pessoas que tenham interesse no seu serviço, sem retorno! Após receber e-mail, telefones e afins, busque deixar as informações alinhadas na sua advocacia e bem organizada. Otimize o tempo e faça um retorno o mais breve possível.

2. Treine a sua equipe

Como já mencionamos anteriormente, é preciso estar atento ao contato dos clientes interessados no seu trabalho.

Por isso, é muito importante treinar a sua equipe na advocacia para que todos estejam alinhados e sigam o mesmo objetivo. Uma equipe bem alinhada, proporciona redução de erros e garante o sucesso!

3. Torne a sua advocacia uma referência no mercado

Ter uma advocacia sendo referência no mercado, é o desejo de qualquer advogado, não é mesmo?

Afinal, ser referência é sinal que o seu trabalho é bem executado e que garante resolver os problemas que os clientes precisam. Logo, ter referência é propício-sem dúvida!- para realizar captação de mais clientes para a sua advocacia.

Para isso, siga as dicas anteriores, e com a equipe treinada e motivada, melhor o desempenho do seu negócio. Uma indústria de balcão refrigerado pequeno, por exemplo, segue estratégias e investe forte nesses quesitos para ser referência na fabricação de produtos.

4. Seja visto

Por fim, nada mais importante também do que ser visto pelas pessoas. Afinal, permite que a sua advocacia se mantenha competitiva no mercado.

Portanto, é de fundamental importância que você, advogado, esteja presente nas reuniões, eventos, congressos, entre outros, sempre que possível, mas, não se esqueça da pontualidade e, evite atrasos e transmita mais confiança e credibilidade!

Logo, permite melhor relacionamento com clientes, visibilidade do seu negócio e possibilidade de fazer networking.

Agora que você já sabe como captar clientes na advocacia, o que acha de aplicar as estratégias agora mesmo no seu negócio?

Gostou do post? Então, compartilhe com os colegas, mas não se esqueça de deixar o seu comentário!

Esse‌ ‌artigo‌ ‌foi‌ ‌escrito‌ ‌por‌ Thais Teixeira,‌ ‌Criadora‌ ‌de‌ ‌Conteúdo‌ ‌do‌ ‌‌Soluções‌ ‌Industriais‌.



6 Comentários

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Parabéns pelo artigo. Mas a grande verdade é que a OAB está vetusta, rançosa e ultrapassada, com instrumentos do tempo que se fazia petição usando o computador como "máquina de escrever." Estamos em tempos de rede social, temos clientes virtuais, os processos são virtuais. Muita coisa precisa ser diferente. Por exemplo? Acabar com inscrição suplementar das OAB's, que é só uma forma de arrecadar e não tem utilidade nenhuma. Os processos são virtuais e vc pode estar em qualquer lugar do país e advogar em qualquer lugar também. Precisamos pensar sério nos próximos passos que queremos. Cumprimento-o mais uma vez pelo artigo. Bem didático.

Basicamente há uma ou duas formas de se captar clientes sem ferir o código de ética da OAB:
A primeira consiste em se especializar em uma ou no máximo duas áreas da advocacia.
A segunda consiste em não "pegar" muitas causas. O advogado pode não dar conta dos compromissos.
A terceira e última é consequência das anteriores: Sendo especiaria em determinada área, e não "pegando" causas em excesso, o profissional, além de atuar melhor, terá mais tempo para a família, do que, faltará clientes sem a necessidade de fazer cartão de visita.

Desembargador que humilhou GCM tenta fugir de indenização e diz que sofreu “mal psiquiátrico”

 

Desembargador que humilhou GCM tenta fugir de indenização e diz que sofreu “mal psiquiátrico”

desembargador humilhou gcm indenizacao mal psiquiatrico
 
 O desembargador Eduardo Siqueira, que ganhou notoriedade ao humilhar um integrante da Guarda Civil Municipal (GCM) em Santos, no litoral paulista, em julho de 2020, alegou “mal psiquiátrico” para não pagar indenização de R$ 20 mil por danos morais, imposta pela Justiça, de acordo com reportagem de Carlos Ratton, no Diário do Litoral.

O guarda municipal Cícero Hilário Roza Neto, vítima da arrogância do membro do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), tem prazo de 15 dias para se manifestar em juízo em relação à apelação do desembargador.

Para tentar escapar da condenação, o magistrado diz que estava sendo acompanhado por um médico, que lhe receitou medicamentos para seu estado emocional. Porém, no dia em questão, não havia tomado o remédio devido à pandemia do coronavírus. Com isso, ainda segundo ele, seu estado emocional teria sido alterado.

Quando caminhava pela praia, Siqueira desacatou o guarda municipal, ao ser multado por insistir em desrespeitar o decreto que obrigava a utilização de máscara, em razão da pandemia. A cena foi gravada e viralizou nas redes sociais. Ele, inclusive, ofendeu o servidor público o chamando de “analfabeto” e rasgou a multa.

Além disso, ainda ameaçou o servidor: “Leia bem com quem o senhor está se metendo”, afirmou, mostrando um documento. Depois de tudo isso, tentou dar a famosa “carteirada”, ao telefonar para o secretário de Segurança Pública de Santos, Sérgio Del Bel, para intimidar o GCM.

O desembargador, no entanto, quer que a Justiça considere improcedente a ação do GCM. Também pede a inversão da condenação ou redução do valor da indenização e, ainda, que o guarda pague as custas de seus advogados.

Processo

Siqueira passou a ser alvo de um processo administrativo disciplinar no Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e foi afastado no fim de agosto. Contudo, em janeiro de 2021, o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), suspendeu inquérito.

Mesmo assim, três meses depois que o GCM ingressou com uma ação judicial pedindo o pagamento de R$ 114 mil por danos morais, o juiz José Alonso Beltrame Júnior, da 10ª Vara Cível de Santos, condenou o desembargador a pagar R$ 20 mil.

Lucas Vasques
Jornalista e redator da Revista Fórum. 
Fonte: revistaforum.com.br

Como calcular o valor da pensão alimentícia

 

Como calcular o valor da pensão alimentícia

Publicado em .

Uma das dúvidas mais frequentes aos casais separados é aquela referente ao cálculo da pensão alimentícia. Quais itens entram na composição desse cálculo? O valor será necessariamente 30% dos rendimentos do alimentante?

 

Infelizmente, os divórcios e as dissoluções de uniões estáveis têm sido cada vez mais frequentes no Brasil, principalmente em tempos de pandemia de Covid-19. Quando estas rupturas envolvem os filhos do casal, faz-se necessário discutir e assumir diversas responsabilidades advindas do vínculo parental, tais como a guarda, as visitas e regras de convivência, bem como a pensão alimentícia, em favor dos menores.

Uma das dúvidas mais frequentes aos casais separados é aquela referente ao cálculo da pensão alimentícia, a fim de arbitrar a responsabilidade financeira de ambos os pais face ao atendimento das necessidades dos filhos.

Assim, a lei, a doutrina e a jurisprudência produziram diretrizes básicas para a compreensão dos limites da responsabilidade financeira dos pais, e aquilo que pode ser considerado como necessidade primária da criança, face àquele que terá o ônus do pagamento da pensão, qual seja, o que não reside com o infante.

Neste sentido, temos o entendimento na aplicação do binômio necessidade versus capacidade, por meio do qual de um lado se colocam todos os itens essenciais ao pleno desenvolvimento da criança e o seu custo, confrontados, de um outro lado, com a capacidade financeira de quem irá pagá-los.

Em grande parte dos casos, esta discussão se torna objeto de uma ação judicial, na qual será arbitrado, por sentença, o quantum e a forma de seu pagamento. De fato, a busca pelo Judiciário para a solução do impasse se dá pela perda da capacidade do ex-casal em dialogar e negociar os termos dos alimentos.

Cumpre ressaltar que o objetivo primordial e a função básica da pensão alimentícia é o de cobrir gastos para a manutenção do padrão de vida dos filhos, evitando-se mudanças em sua rotina, tais como alterações escolares, interrupção de atividades extracurriculares, e todo o rol de atividades pedagógicas ou não, que contribuem para a formação intelectual, emocional e psicológica das crianças. Ainda, a pensão alimentícia deve suprir as necessidades relativas ao cuidado e o conforto condizentes com a idade da criança, tais como alimentação, moradia, saúde, educação, lazer, vestuário, dentre outras despesas.

É extremamente importante destacar que a regulamentação do valor dos alimentos não pode estar vinculada ao direito-dever de visitas dos pais, haja vista este ser, antes de mais nada, um direito fundamental indisponível dos filhos. Dessa forma, um pai não pode ter seu convívio com os filhos dificultado ou impedido se estiver em atraso com suas obrigações alimentares.

No tocante ao cálculo da pensão, de fato, não existe uma fórmula específica, percentual padrão, nem tampouco um valor médio para que se tome como base para isso. Esta varia na proporção da necessidade da criança e da capacidade do alimentante, em todos os cenários possíveis, independentemente do nível econômico social no qual o caso se veja inserido.

Ao contrário do que muitos creem, não há percentual fixo sobre a renda ou os vencimentos do alimentante que sirva de parâmetro para a determinação do valor da pensão. Assim, a ideia generalizada de que se deve aplicar o percentual 33% (trinta e três por cento) destes ganhos para o cálculo dos alimentos, não passa de uma lenda urbana absurda, sem qualquer fundamento.

Um fator de suma importância, e que deve ser lembrado, é que o sustento dos filhos cabe, igualmente, a ambos os pais. Neste sentido, a obrigação de suprir as necessidades da criança pode e deve ser dividida entre os genitores, na proporção de suas capacidades financeiras.

Mesmo com todos esses princípios e conceitos sobre como, de fato, deve ser feito o cálculo da pensão alimentícia a fim de instruir uma ação judicial?

Em primeiro lugar, deve-se, antes de tudo, planilhar todas as despesas mensais com a criança, a fim de pormenorizar, de modo concreto, os custos com a sua manutenção, principalmente no que tange aos gastos educacionais, de saúde, lazer e estudos e atividades extracurriculares, anexando-se os seus respectivos comprovantes.

Devemos, também, levar em conta as despesas de consumo da residência onde vive o menor, tais como aluguel, luz, gás, água e internet. Para que se chegue ao valor relativo à criança, basta dividir o valor bruto destas contas e gastos, pelo número de pessoas que habitam no lar.

Da mesma forma, devem ser considerados os gastos exclusivos dos filhos, tais como, material e uniforme escolar, que via de regra ocorre uma só vez ao ano, devendo ser divididos e diluídos, mensalmente, a fim de apurar a sua participação na no valor da pensão alimentícia.

Igualmente, deverão ser consideradas as despesas de alimentação e compras de supermercado do lar onde reside a criança, calculando-se a parte que lhe cabe, pela divisão, destas, pelo número de moradores, na residência.

As despesas com a saúde dos filhos deverão, da mesma forma, compor o valor da pensão alimentícia, nelas incluídas, não somente o valor dos planos/seguros de saúde, mas todo procedimento médico ou odontológico que deva ser realizado pelo menor, inclusive, consultas não cobertas, medicamentos e itens de farmácia.

Outro fator essencial para o cálculo da pensão são as despesas com o vestuário das crianças, atribuindo-se um valor médio, estimado, com base nos gastos mensais normalmente realizados.

Após a determinação de todos estes valores e procedendo-se a sua soma, encontrar-se-á o valor global de despesas com os filhos, sendo este resultado dividido, a princípio, em partes iguais, para ambos os genitores, obedecido o critério de capacidade financeira, de cada um destes.

Dessa forma, teremos todas as necessidades das crianças plenamente atendidas, com a devida repartição de seu ônus para ambos os pais, de acordo com a sua capacidade de arcar com estes gastos, encontrando-se uma forma justa e equilibrada de exercer a responsabilidade parental face ao sustento de seus filhos, sempre primando pelo seu desenvolvimento, no sagrado dever que pais e mães possuem para com estes.


Autor

  • Claudia Neves

    Advogada. Pós-graduada em Direito de Família e Sucessões, com atuação na área cível com ênfase na área de família, com seus reflexos patrimoniais e assessoria em contratos civis e comerciais, 

    Site(s):

Informações sobre o texto

Como citar este texto (NBR 6023:2018 ABNT)

NEVES, Claudia. Como calcular o valor da pensão alimentícia. Revista Jus Navigandi, ISSN 1518-4862, Teresina, ano 26, n. 6446, 23 fev. 2021. Disponível em: https://jus.com.br/artigos/88626. Acesso em: 24 fev. 2021.


Autorizo divulgar minha mensagem juntamente com meus dados de identificação.
A divulgação será por tempo indeterminado, mas eu poderei solicitar a remoção no futuro.
Concordo com a Política de Privacidade e a Política de Direitos e Responsabilidades do Jus.

 

Pensão alimentícia: entenda como funciona e quais os benefícios

 

 

Pensão alimentícia: entenda como funciona e quais os benefícios

 
Mesmo sendo um assunto bastante falado, a pensão alimentícia ainda causa muitas dúvidas e poucas pessoas entendem, de fato, o que esse direito significa e a quem ele é garantido.

É importante ressaltar que a pensão alimentícia se trata do custeio das despesas daqueles que não têm condições próprias de manter seu sustento.

Quando falamos desse assunto, a primeira coisa que vem à cabeça é a pensão paga aos filhos que, inclusive, sabemos que costuma gerar atritos entre famílias.
 
No entanto, é importante ressaltar que outras pessoas também têm o direito de receber a pensão além dos filhos menores de 18 anos, são eles: os filhos portadores de deficiência que podem pedir aos pais o pagamento, além da mãe que está gestando seu bebê.

Diante da importância desse assunto, vamos te explicar quais são os benefícios da pensão alimentícia para os filhos. Acompanhe!

Recebimento da pensão

Todo o processo deverá ser levado à Justiça para que um juiz analise a situação dos pedidos e estabeleça o valor a ser pago. Em todo caso, a orientação é contar com um advogado que poderá avaliar o caso e pleitear a pensão alimentícia.

Após todo o processo definido, outra dúvida bastante comum é o que acontece com quem deixa de pagar a pensão. Sendo assim, é importante ressaltar que a pessoa que foi obrigada a fazer o pagamento deve cumprir, sob pena de uma ação chamada execução de alimentos em casos de atraso.


Neste caso, o alimentante precisa fazer o pagamento da pensão em até três dias, pois, se não fizer, poderá ser preso. Outra possibilidade é o desconto na folha de pagamento do responsável.

Benefícios

Agora que falamos sobre o processo de pedido de pensão, é necessário que você saiba que esse é um direito e que possui benefícios, sendo o primeiro deles relacionado ao bem estar da criança ou adolescente.

Sendo assim, a pensão não se refere apenas à compra de alimentos, mas deve ser utilizada para gastos com saúde, educação, transporte, moradia, roupas e lazer.

Isso porque é um dever dos pais garantir o cumprimento dos direitos da criança e do adolescente. Então, todos os gastos com o filho devem ser divididos entre os pais, independentemente de quem possua a guarda.

Duração da pensão

O pagamento da pensão alimentícia precisa ser feito até quando houver necessidade, porém, não é para sempre. Sendo assim, há situações que limitam o pagamento, citamos os seguintes exemplos:

• Nos casos em que o filho completar 18 anos e não esteja estudando, porém, se estiver cursando o ensino superior, pré-vestibular ou curso técnico, deverá receber até que se forme ou quando completar 24 anos de idade – sendo comprovado que possui necessidade;

• No caso do filho considerado incapaz perante a lei, não está estabelecido um limite de idade;

• O casamento do filho que é beneficiário, independente da idade, motiva a suspensão da pensão,

• A pensão alimentícia que é paga para o ex-cônjuge também é considerada provisória e deve ser paga enquanto durar a necessidade. Porém, se ele se casa novamente, aquele que efetua o pagamento pode solicitar o fim da pensão.

Em todos esses casos, o responsável pela pensão pode pedir a revisão do pagamento ao comprovar sua necessidade, além de ingressar com uma ação de exoneração ao ver que não estão sendo cumpridos os critérios determinados por lei.

Fonte Amo Direito

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2021

Com avanço da Covid e lotação nos hospitais, veja como buscar na Justiça um leito da rede pública

 

 

Com avanço da Covid e lotação nos hospitais, veja como buscar na Justiça um leito da rede pública

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A Saúde é um direito constitucional. Caso não haja vaga em hospital público, o paciente deve ser redirecionado para um particular ou mesmo para outra localidade, custeado pelo Estado.

Com o aumento expressivo no número de internações por Covid-19 nos últimos dias no Ceará, a possibilidade de um colapso no sistema de saúde e, consequentemente, a falta de leitos disponíveis em Unidades de Terapia Intensiva (UTI) ou de enfermaria é uma realidade. O que fazer então quando um leito na rede pública de saúde for negado ao cidadão?

O Seu Direito conversou com a advogada Caroline Parahyba, membro da Comissão de Saúde da Ordem dos Advogados do Brasil - Seção Ceará (OAB-CE), para esclarecer as principais dúvidas e qual o procedimento adequado.

O que fazer quando o paciente não consegue um leito na rede pública de saúde. Qual órgão deve ser acionado? 

A família do paciente deve acionar a Defensoria Pública ou um advogado particular para garantir o acesso ao leito de UTI, baseado no direito à saúde. É um direito constitucional. Caso não haja vaga naquele hospital público, o paciente deve ser redirecionado para um particular custeado pelo Governo Estadual. Não havendo vagas em ambas as redes da cidade, pública e particular, o paciente deve ser transferido para o município ou estado mais próximo com disponibilidade de leitos.  

O acionamento da Defensoria deve ocorrer apenas para a conquista de leitos de UTI?

Não. É para todo e qualquer cidadão que esteja tendo o acesso negado ao direito à saúde. Isso vai desde solicitação de leitos até a garantia de uma medicação, por exemplo.

Existe um prazo de espera por um leito até que se possa procurar a Justiça?

Em regra, não há um prazo. O que ocorre é que o juiz costuma deferir apenas quando há uma solicitação médica que fale sobre a necessidade de você precisar de um leito. Então, você portando essa guia médica, o juiz costuma deferir conforme foi explicado: ou abre uma vaga no hospital ou o Estado custeia o processo particular.

Qual o tempo médio de espera pelo fim dos trâmites da ação?

Normalmente, quando se ingressa com a ação, chamada ação de obrigação de fazer, ela é ingressada culminado com a tutela de urgência, o que costuma ser rápido. Não tem como dizer que o resultado sai em 24 horas, porque depende de cada Vara, mas costuma ser bem mais rápido, principalmente as ações de saúde. A média é em torno de três dias. 

Fonte: Diário do Nordeste