Estabilização da economia
Teses de poupadores são questionáveis, diz a Folha
*Editorial publicado pelo jornal Folha de S.Paulo nesta quinta-feira (28/11).
A
definição virá, se enfim vier, apenas no ano que vem. Mas ao menos o
plenário do Supremo Tribunal Federal começou a analisar ações sobre a
correção da poupança em quatro planos de estabilização da economia, de
1987 a 1991 (Bresser, Verão, Collor 1 e Collor 2).
Na prática,
estão em jogo processos de cerca de 400 mil poupadores que alegam ter
perdido dinheiro com as mudanças nas regras de correção dos saldos; os
bancos teriam, de forma inapropriada, embolsado a diferença entre a
reposição devida e a efetuada.
São teses questionáveis, para dizer
o mínimo. Implementados pelo governo — e não pelo sistema financeiro —,
os planos econômicos pretendiam interromper o exasperante ciclo de
reajuste de preços.
Adequou-se, nesse intuito, a correção
monetária à brusca redução da inflação, preservando o poder de compra e o
equilíbrio dos contratos. Sem isso, os poupadores (todos os credores,
na verdade) seriam remunerados de acordo com taxas anteriores aos
planos, muito superiores ao novo padrão inflacionário. Teriam ganhos
repentinos e indevidos — difícil chamar isso de direito adquirido.
Os
bancos, por sua vez, foram (e são) obrigados por lei a repassar 65%
daqueles valores ao financiamento da casa própria. Ou seja, ainda que
tivesse havido correção menor do que a devida, a maior parte desse
"lucro" teria sido dividida com os mutuários, beneficiados por dívida
também menor. Serão chamados a pagar a diferença?
De resto, como
os bancos somente seguiram diretrizes oficiais, será natural que, caso
percam a ação, tentem repassar a fatura ao governo federal. Impactos
negativos nas contas públicas, já cambaleantes, teriam efeitos em toda a
sociedade, na forma de mais impostos ou serviços públicos ainda piores.
Nem
é essa, a rigor, a consequência mais sombria. Estima-se que as
indenizações, somadas, possam chegar a R$ 150 bilhões. O montante
equivale a cerca de 50% do patrimônio dos cinco maiores bancos do país
(Banco do Brasil, Caixa, Bradesco, Itaú e Santander). Uma erosão de tal
monta do capital bancário provocaria colapso de crédito e tumulto
financeiro.
Verdade que, pelos cálculos do Instituto Brasileiro de
Defesa do Consumidor (Idec), as perdas do sistema bancário seriam mais
singelas, da ordem de R$ 18 bilhões. Seria inegavelmente menor, mas
ainda assim relevante, a ameaça a ser suportada por toda a sociedade;
não estariam superadas, no entanto, as objeções de fundo.
Em
qualquer caso, a própria disparidade entre os valores é mais um
testemunho da insegurança que prevalece nesse caso. Passou da hora de o
Supremo Tribunal Federal encerrar a controvérsia, com uma decisão que
não traga instabilidade ao país mais de 20 anos depois.
NOSSA OPINIÃO:
NÃO É A PRIMEIRA VEZ QUE O SUPREMO DECIDE POLITICAMENTE, JÁ FEZ ISTO EM DIVERSAS SITUAÇÕES PASSADAS. PORTANTO, !!!!!!!!!!!
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