Advogadas são barradas em presídio por conta de roupas que usavam; OAB-RS apura denúncia
Analisando o caso, a OAB do Rio Grande do Sul diz que o avanço da investigação "poderá refletir em responsabilidade pela lei de abuso de autoridade perante à justiça competente" (veja nota completa abaixo).
Ao G1, a Secretaria Estadual de Administração Penitenciária (Seapen) disse que o servidor seguiu as normas do sistema prisional do RS.
'Decote'
"Estava um calor absurdo. A gente chegou lá e cumprimentou o agente penitenciário. Ele só abriu a caixinha onde a gente coloca a carteira da OAB e puxou. Ele devolveu [o documento] e falou: 'Vocês não vão entrar, estão com decote, não vão entrar'", relatou.
A advogada ainda afirma que o servidor teria comentado sobre a calça que ela vestia, na cor branca, dizendo ser "transparente".
Em um vídeo gravado pelas advogadas, é possível ouvir o agente penitenciário dizendo que justificava a negativa em razão da Portaria 205. O documento, publicado em 2016, impede a entrada de visitantes usando "vestimentas inapropriadas".
As roupas femininas incluídas na lista são "shorts, bermudas e suas variações, miniblusa e minissaia, roupas transparentes, decotadas, trajes de banho ou ginástica". Já entre as roupas masculinas, a lista é menor, vetando "shorts, bermudas, trajes de banho ou camiseta tipo regata", sem menção a transparências, cortes específicos e roupas de ginástica.
Machismo
"É mais um exemplo desses tipos de regras que são machistas, que, nas suas aplicações, revelam estereótipos de gênero que vão regular a desigualdade entre homens e mulheres. Isso tem um pano de fundo, que é da nossa cultura, na qual se entende que as mulheres, a partir das roupas que usam, provocam os homens. E esses homens tem esse 'instinto natural' que não podem controlar", observou.
Para Renata Jardim, as instituições e a sociedade precisam debater o tema a fim de garantir a igualdade entre os gêneros.
"Nunca a vítima é a culpada, jamais. Nessa discussão, é importante a gente trazer a culpabilização das mulheres em relação as suas condutas, quando envolvem as questões de sexualidade e mesmo de violência", disse a especialista.
Nota da OAB-RS:
Por G1 RS
Fonte: g1.globo.com
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