Caso Varig: se União recorrer, será para esperar morte de pensionistas, diz advogado

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O
advogado do Sindicato Nacional dos Aeronautas (Snea), Lauro Thadeu
Gomes, afirmou nesta terça-feira (18), na Câmara dos Deputados, que
qualquer recurso da União para não pagar a dívida federal com a extinta
companhia aérea Varig será meramente protelatório e motivado apenas por
pressão da área econômica.
O objetivo de qualquer recurso daqui em
diante não é reverter a decisão judicial, mas, sim, esperar que todos os
aposentados e pensionistas morram antes do processo ter sua tramitação
finalizada, disse.
A declaração foi dada em audiência pública da
comissão externa que acompanha o caso dos pensionistas do Instituto
Aerus, que era o fundo de previdência complementar do setor aéreo, do
qual a Varig foi a última empresa participante. Com a quebra da empresa,
desde março de 2006, o fundo não teve mais como manter os pagamentos
devidos aos 10 mil aposentados e pensionistas.
Na semana passada,
contudo, a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de dar ganho de
causa à Varig em um processo de décadas contra a União pode ressuscitar o
Aerus. Isso porque a União foi condenada a pagar indenização (por volta
de R$ 3 bilhões, segundo cálculos da AGU) à companhia aérea por perdas
decorrentes da inflação, provocadas por planos econômicos e congelamento
de preços na década de 1980. Como a Varig não existe mais, o valor
deverá ser utilizado para quitar os débitos da empresa, entre as quais
está a dívida com o Aerus.
Lauro Gomes lembrou que o advogado
geral da União, Luis Inácio Adams, considerou um acordo viável, enquanto
o secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, teria dito que usará
de todos os recursos possíveis para evitar o pagamento. Assim, para o
advogado, se o governo não aceitar fazer logo os repasses, deve ficar
claro quem é o responsável pela decisão, que Gomes considera meramente
protelatória.
A presidente do Snea, Graziela Baggio, também
criticou a Receita Federal por, segundo ela, encorajar uma quebra de
acordo por parte do Executivo, gerando um prolongamento desnecessário do
impasse. Segundo a sindicalista, mais que uma questão jurídica,
trata-se de uma questão de vida ou morte para os trabalhadores vitimados
pela quebra do Aerus.
Busco de acordo
Graziela
pediu ao coordenador da comissão externa, deputado Rubens Bueno
(PPS-PR), que interceda junto ao presidente da Câmara, Henrique Eduardo
Alves, para que a Casa apoie os ex-empregados da Varig.
Bueno
explicou que o objetivo da reunião foi elaborar um roteiro de ações a
serem realizadas pela comissão em defesa de um entendimento que encerre o
imbróglio. Ele confirmou que o primeiro passo para conseguir isso será
discutir o tema com Henrique Alves. Vamos buscar junto ao Executivo
concluir esse acordo após a vitória obtida no STF, destacou.
O
deputado Chico Alencar (Psol-RJ) aplaudiu o esforço dos trabalhadores,
alguns dos quais fazem há dias uma vigília no Salão Verde da Câmara, e
salientou que agora a decisão de resolver logo a questão ou adiá-la com
recursos é essencialmente política. O ordenamento jurídico do País diz
que, em qualquer decisão judicial de situação de falência, crise ou
recuperação, a prioridade é para pagamento de débito trabalhista. A
prioridade é para quem mais precisa; isso é um princípio elementar de
justiça, afirmou.
Insegurança
A deputada Carmen
Zanotto (PPS-PR) considerou chocante a falta de vontade da União em
encerrar o processo.
Por sua vez, o deputado Edinho Bez (PMDB-SC)
afirmou que a resolução do impasse é urgente, pois gera insegurança
quanto aos fundos de pensão.
A população é estimulada a entrar em fundos
de pensão e em previdências privadas. Se isso não funciona e o poder
público se omite, devemos ficar preocupados, argumentou.
FONTE: JUS BRASIL
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