Uma igreja com contas bloqueadas
Comandada pelo apóstolo Valdemiro Santiago, a Mundial tem bens retidos pela Justiça por causa de dívida de R$ 10 milhões com a Rede Bandeirantes
fonte: JUS BRASIL
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Não
é segredo o fato de o apóstolo Valdemiro Santiago enfrentar problemas
na Justiça por falta de pagamento de aluguéis de diversos templos da sua Em outubro passado, em sua edição de
número 2293, ISTOÉ esmiuçou as dificuldades financeiras da instituição
religiosa. Os casos de inadimplência, porém, foram ofuscados, na semana
passada, por uma crise maior. Em janeiro, a Rede Bandeirantes acionou a
Mundial cobrando judicialmente uma dívida de R$ 10.156.259,57 pelo não
pagamento de mensalidades relativas à cessão de espaço na programação do
canal. Na ação, solicitou o bloqueio de bens da igreja e, um mês e meio
depois, obteve uma decisão favorável que impingiu um dos maiores
reveses da história do império evangélico de Valdemiro. Entre os dias 20
e 22 deste mês, seis contas bancárias da Mundial foram vasculhadas,
para cumprir a ordem do juiz Carlos Eduardo Borges Fantacini, da 26ª
Vara Cível do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, e foram
bloqueados R$ 2.133.103,80 de duas delas.
A
Mundial e a TV Bandeirantes têm relações comerciais desde 2010. Em 1º
de janeiro de 2013, acertaram um contrato de quatro anos. Desde então, a
igreja deveria pagar R$ 3 milhões mensais para que a emissora
divulgasse diariamente, das 4h às 6h50, os programas produzidos pela
instituição religiosa. Esse acordo foi cancelado no fim do ano passado,
justamente por atrasos contumazes e reincidentes. Na ação, foi alegado
falta de pagamento das parcelas de setembro e outubro de 2013 e de parte
das de agosto e novembro do mesmo ano. Pessoas a par do acordo
comercial entre o apóstolo e a família Saad, dona da Bandeirantes,
contam que a relação entre as partes começou a ruir em 2011. Desde
então, os valores em atraso da Mundial chegaram a variar de R$ 12
milhões a R$ 20 milhões. “A igreja atrasava o pagamento, renegociava e
pagava com cheques parcelados. E vários cheques voltaram sem fundos, com
valores que variavam de R$ 100 mil a R$ 1,5 milhão”, contou uma pessoa
com acesso às tratativas. “A emissora fez mais de dez notificações
judiciais sobre atrasos e mais de 50 por meio de cartas e e-mails à
Mundial. Não era saudável manter a relação.”
A Mundial e a TV
Bandeirantes têm relaçõs comerciais desde 2010. Em 1º de janeiro de
2013, acertaram um contrato de quatro anos. Desde então, a igreja
deveria pagar R$ 3 milhões mensais para que a emissora divulgasse
diariamente, das 4h às 6h50, os programas produzidos pela instituição
religiosa. Esse acordo foi cancelado no fim do ano passado, justamente
por atrasos contumazes e reincidentes. Na ação, foi alegado falta de
pagamento das parcelas de setembro e outubro de 2013 e de parte das de
agosto e novembro do mesmo ano. Pessoas a par do acordo comercial entre o
apóstolo e a família Saad, dona da Bandeirantes, contam que a relação
entre as partes começou a ruir em 2011. Desde então, os valores em
atraso da Mundial chegaram a variar de R$ 12 milhões a R$ 20 milhões. “A
igreja atrasava o pagamento, renegociava e pagava com cheques
parcelados. E vários cheques voltaram sem fundos, com valores que
variavam de R$ 100 mil a R$ 1,5 milhão”, contou uma pessoa com acesso às
tratativas. “A emissora fez mais de dez notificações judiciais sobre
atrasos e mais de 50 por meio de cartas e e-mails à Mundial. Não era
saudável manter a relação.”
O
cerco aos bens da Mundial não parou por aí. O juiz Fantacini, de São
Paulo, ordenou a apreensão de veículos da igreja e a restrição do
licenciamento e da transferência dos mesmos. Dona de sete mil templos
espalhados pelo mundo e empregadora de 2.500 funcionários, a igreja
fundada em 1998 pelo apóstolo Valdemiro, um ex-líder da hoje rival
Igreja Universal do Reino de Deus, ofereceu um terreno de
aproximadamente seis mil m2, em Goiânia (GO), avaliado em R$ 15 milhões,
em troca da liberação dos valores bloqueados. Com a recusa da
Bandeirantes, o magistrado usou expressões duras contra a Mundial no
despacho emitido na segunda-feira 24, no qual informava sua decisão.
Citou o “absurdo número de processos” a que ela responde, “grande parte
deles por inadimplência”, o que apontaria para uma “irremediável
insolvência” da instituição, sem contar “o grande número de restrições
de créditos diversas”.
Dados deste mês da Serasa, instituição que
avalia quem tem crédito na praça, apontam a existência de 378 protestos
contra a igreja, (em uma dívida total de R$ 9.478.900), 195 pendências
financeiras (no valor de R$ 127.109), 20 cheques sem fundos (que somam
R$ 14.590.923) e 13 sustados nos últimos seis meses. Procurada, a
direção da Mundial preferiu não se manifestar enquanto o processo
estiver em andamento.
Quando ISTOÉ detalhou a crise financeira da
Mundial, o contrato de cessão de espaço na programação da Band tinha
acabado de ser rescindido pela emissora. Mais: a igreja, que havia
acertado com o Grupo Bandeirantes no fim de 2012 a compra do Canal 21,
do qual ocupava 22 horas na programação, viu esse contrato também ser
interrompido por falta de pagamento de parcelas e descumprimento de
algumas cláusulas, segundo a Bandeirantes. Valdemiro e a família Saad,
então, entraram em litígio também por causa do Canal 21.
A
Mundial pede uma indenização de R$ 200 milhões, alegando rompimento
unilateral de contrato sob o argumento de que uma cláusula garantia a
ela a possibilidade de honrar as parcelas após 45 dias da data do
vencimento. A Bandeirantes, que repassou rapidamente os horários tanto
da Band quanto do Canal 21 para Igreja Universal do Reino de Deus, pede
R$ 100 milhões relativos a parcelas atrasadas, reembolso de despesas,
multa e juros.
Para
não ficar fora da programação da tevê aberta, um dos grandes pilares da
evangelização neopentecostal, a Mundial fechou com a Rede TV! No início
do ano e agora ocupa três horas de programação aos domingos. Remediou
um problema de propagação da fé, mas as finanças da instituição seguem
no vermelho.
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