MPT aponta irregularidades no programa Mais Médicos
Relatório parcial em inquérito civil sugere desvirtuamento da relação trabalhista; investigação continua
Publicado por Ministério Público do Trabalho
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Brasília
– Há fortes indícios de que o formato do programa Mais Médicos
apresenta várias irregularidades. É o que indica o relatório parcial do
Ministério Público do Trabalho (MPT) analisado nesta terça-feira (5), em
audiência pública, com o procurador do Trabalho Sebastião Caixeta,
responsável pelo inquérito civil, e representantes dos Ministérios da
Saúde e da Educação e da Advocacia Geral da União (AGU). Segundo
Caixeta, ao menos por enquanto, há desvirtuamento de uma autêntica
relação de trabalho.
Durante audiência, o MPT ponderou no sentido
de fazer ajustes no programa, sobretudo no caráter de prestação de
serviço, apesar dos argumentos do governo federal de que o Mais Médicos
abrange essencialmente a capacitação. “É importante que a remuneração
não seja em forma de bolsa, e sim de salário. Em relação aos médicos
cubanos, há a necessidade de um tratamento igual. O valor a ser recebido
é para ser integral.” A questão da integralidade dos salários envolve
diretamente a contratação dos médicos cubanos, que devem ficar com
apenas 25% a 40% dos R$ 10 mil pagos pelo governo federal. A maior parte
deve ser retida pelo governo cubano.
Sebastião Caixeta vai
continuar conversando com os representantes do programa. Mas não tem
expectativas de que a argumentação do Ministério da Saúde mude o seu
convencimento. “Acreditamos que a visita in loco que faremos em breve
vai confirmar esse quadro, de que se trata efetivamente de uma relação
de trabalho. Chegando a essa convicção final, vamos verificar a
possibilidade de um termo de ajuste de conduta.”
O secretário de
gestão do trabalho do Ministério da Saúde, Mozart Julio Tabosa Sales,
afirma que o governo está tranquilo com a segurança jurídica do
programa. “Temos clareza de que o programa representa uma nova
modalidade que vem ao encontro do processo de formação da área médica,
de maneira descentralizada, com plataformas de educação a distância. A
própria residência médica tem 80% de atividade prático-assistencial e só
20% de teórico-complementar.” Para ele, não haveria ilegalidade nas
bolsas oferecidas pelo programa, que é semelhante ao adotado em
residências.
Também participaram da audiência o procurador-chefe
da República, Carlos Henrique Martins Lima, o representante do
Ministério da Educação, Vinícius Ximenes, o consultor jurídico do
Ministério da Saúde, Jean Keiji Uema, e o procurador-geral da AGU, Paulo
Henrique Kuhn.
Inquérito – O inquérito civil foi aberto
em 28 de agosto e várias audiências já foram realizadas. Nesta
terça-feira, além da audiência com representantes dos órgãos do governo,
o procurador Sebastião Caixeta também se reuniu com representantes do
Conselho Federal de Medicina e da Federação Nacional dos Médicos.
Informações:
Procuradoria-Geral do Trabalho
Assessoria de Comunicação
(61) 3314-8222
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