Os Traidores da Pátria
S.T.F. NELES (TRAIDORES)
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Em 05 de Outubro de 1988, era promulgada no Brasil a Constituição Federal que hoje conhecemos.
Talvez
pareça, a um desavisado, apenas um emaranhado de textos legais, porém
trata-se de algo muito maior do que um simples prato cheio para os
burocratas: Ela reflete o sonho mais lindo de um povo sofrido, que após
quase duas décadas de um governo ditatorial, ensaiava em 1988 os
primeiros passos rumo à Democracia.
Como todo texto escrito pelo homem, o texto constitucional
também nasceu com certas imperfeições, é claro, o que não a impede de
ter sido consagrada como a materialização da luta do cidadão brasileiro
contra a miséria, contra a tirania e a desigualdade.
No ato da promulgação, o então Deputado Ulysses Guimarães, também constituinte, declarou, em seu célebre discurso: "A Constituição
certamente não é perfeita. Ela própria o confessa, ao admitir a
reforma. Quanto a ela, discordar, sim. Divergir, sim. Descumprir,
jamais. Afrontá-la, nunca. Traidor da Constituição é traidor da Pátria."
Hoje,
vinte e cinco anos depois, justamente no mês de Outubro, enquanto a
comunidade jurídica e a sociedade em geral celebram as Bodas de Prata de
nossa Constituição,
entristeço-me ao constatar que os traidores da pátria estão espalhados
por todas as esferas de poder, no âmbito das instituições públicas e
privadas, no âmbito dos Municípios, Estados, Distrito Federal e da
própria União.
Os traidores da Constituição andam soltos por aí, amparados pelo véu da impunidade.
Os traidores da Constituição
desviam verba de merenda escolar, criam postos para funcionários
fantasmas no serviço público, ignoram as Leis à medida em que lhes
parece conveniente, pagam e recebem propina, compram ou vendem votos,
enfim, são as engrenagens do retrocesso que contraria os sonhos de nossa
gente.
Não há corrupção sem corruptor. Não há
crime sem cúmplices. Não há impunidade quando o Judiciário tem mais
Justiça no coração do que preocupação com o vulto do contracheque.
Quando
o assunto é o interesse público, não há favorecimento ou privilégio que
não carregue em seu cerne o câncer da ilegalidade.
Lei que não é cumprida não tem qualquer efetividade.
Reclamar
sem agir não tem efeito, e não impedirá que os traidores da pátria
continuem farreando inconsequentemente às custas do pesadelo da gente
simples e esquecida que alimenta o coração deste País.
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Thiago S. Galerani
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