Justiça poderia ter começado a corrigir um dos maiores erros de sua história. Mas juiz não foi. Já tinha compromisso
FOTO DO TJ DO PARÁ QUANDO DISCUTIA O CASO EM QUESTÃO
E NEGOU A REVISÃO CRIMINAL DOS ACUSADOS EM 24-03-2014
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Todas
as pessoas e instituições estão sujeitas a erros. Há os graves, os
leves, os grandes e os pequenos, de todo o tipo, que mostram acima de
tudo como somos falíveis. Mas existe uma segunda etapa a se analisar. A
forma como essas pessoas e instituições lidam com os erros.
Nesse
momento, muito pode ser relevado sobre a essência de quem os comete. O
assunto deste post é o Poder Judiciário e a forma como lidou com um dos
principais equívocos de sua história. Dois médicos estão presos
injustamente há cinco anos no Pará.
Foram acusados de serem assassinos e
estupradores em série no Pará e no Maranhão. Há provas de que são
inocentes. Hoje de manhã, a Justiça poderia ter começado a reparar seus
erros, mas o juiz relator do caso não apareceu porque tinha outro
compromisso. Paciência. Os médicos terão que esperar um pouco mais para
ganharem a liberdade.
Tudo começou ainda nos anos no final dos
anos 1980 e começo dos 1990, quando garotos do Pará e no Maranhão
começaram a desaparecer misteriosamente.
Ao longo da década, foram pelo
menos 41 meninos, entre 5 e 14 anos, que depois de mortos eram
emasculados (tinham seus órgãos sexuais retirados). O caso triste e
assustador foi a Júri em setembro de 2003, quando dois médicos de
Altamira, Césio Brandão e Anísio Ferreira foram condenados a 56 anos de
prisão.
Conforme a acusação, eles fariam parte de um grupo que
organizava rituais de magia negra. Os assassinatos ocorriam por motivos
“religiosos”. O fato dos médicos serem espíritas foi decisivo para
formar a convicção do Júri.
Em dezembro de 2003, contudo, quando
os dois já estavam presos, outro menino desapareceu no Maranhão. Um
suspeito, Francisco Chagas, foi identificado. Em seguida, Chagas
confessou as 41 mortes, inclusive as ocorridas mais de uma década antes
em Altamira, quando morava na cidade.
Chagas deu detalhes que só ele
poderia dar. Disse, por exemplo, que além da retirada dos órgão sexuais
das crianças, extraia as córneas, o que de fato foi verificado com a
exumação das vítimas. Em Altamira, Chagas ainda apontou corretamente o
local das ossadas. Cruzaram datas de morte e estadia de Chagas. Tudo
bateu. Atualmente, o serial killer já foi condenado há mais de 200 anos
de prisão.
Como proceder diante de tão grave injúria contra os
médicos falsamente acusados? Não se trata apenas do tempo na prisão. Mas
acima de tudo o que os dois e seus familiares passaram, carregando o
estigma desses crimes bárbaros.
Como tentar reparar esse absurdo
inominável? Na manhã de hoje, era para ocorrer a sessão onde seria
estabelecida a revisão criminal na 3ª Vara do Júri de Belém do Pará. O
objetivo seria tentar anular o resultado do julgamento que condenou os
médicos, para que um novo Júri fosse marcado.
A família dos dois, que
atualmente mora no Espírito Santo, queria estar presente. Eles pegaram
um trem para Belo Horizonte, onde a passagem de avião saía mais em
conta. O valor nunca fica abaixo dos R$ 1,2 mil. O sacrifício é ainda
maior porque os familiares dos médicos passam por dificuldades
financeiras.
Mas novas vidas iriam começar do zero e os parentes
queriam estar ao lado dos dois. Só que a sessão não ocorreu porque o
juiz relator não apareceu. Tinha outro compromisso. A sessão foi
remarcada para a segunda que vem. Alguns parentes não poderão ficar.
Para os que ficam e para as duas vítimas, deixo a torcida para que desta
vez o erro comece a ser corrigido.
Resta ainda a pergunta: o que esse
descaso com o erro revela do nosso Judiciário? Será que este poder
realmente se preocupa em prestar contas de suas obrigações à sociedade?
ACESSE AQUI OUTRAS FONTES SOBRE O CASO:
fonte: http://www.tjpa.jus.br/PortalExterno/imprensa/noticias/Informes/1084-Justica-do-Para-adia-revisao.xhtml
Fonte: http://www.revistabrasileiros.com.br/2013/12/11/macabra-coincidencia/#.U1Az1aIlfAs
Fonte: http://www.tjpa.jus.br/PortalExterno/imprensa/noticias/Informes/1146-Caso-Emasculados--camaras-nao-reconhecem-Revisao-Criminal-de-medico.xhtml
Fonte: http://www.tjpa.jus.br/PortalExterno/imprensa/noticias/Informes/1146-Caso-Emasculados--camaras-nao-reconhecem-Revisao-Criminal-de-medico.xhtml
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