Mãe luta na justiça para que Anvisa libere remédio de maconha para filha de 5 anos
Em nove semanas de uso do CBD, derivado de cannabis sativa sem princípio psicoativo, Any, que chegou a sofrer cerca de 60 convulsões semanais, teve esse número zerado.
Publicado por Felipe Magalhães -
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Katiele
Fischer é uma mãe de 33 anos que mora em Brasília. Sua filha caçula,
Any, hoje com 5 anos, nasceu com uma síndrome rara que provoca
convulsões de duas em duas horas. Por causa das crises, Any não consegue
falar e, ainda que tenha aprendido a andar aos três anos, regrediu à
estaca zero quando as convulsões pioraram, no ano passado. Mas há poucos
meses tudo mudou. Katiele descobriu um composto a base de maconha num fórum de pais na internet e decidiu usá-lo com a filha. Os resultados foram estupendos.
De sessenta convulsões semanais em outubro, Any passou por três semanas inteiras sem uma única crise, em janeiro.
“O canabidiol devolveu a ela suas funções”, diz Katiele, que viu no
produto o tratamento ideal para a filha. Conhecido como CDB, o composto é um dos 60 princípios ativos da planta cannabis sativa, a maconha, e não causa alterações de comportamento.
Em muitos estados americanos, é vendido como suplemento alimentar, sem
necessidade de receita médica. Foi dos Estados Unidos que o primeiro
produto chegou à casa dos Fischer.
A alegria, no entanto, durou
pouco. O remédio acabou e Katiele se viu presa numa teia de burocracia
que envolvia a Anvisa e os Correios, onde suas encomendas foram barradas
- no Brasil, qualquer derivado da maconha é ilegal. Any, que havia se beneficiado com o CDB, voltou a ter dezenas de convulsões já nos primeiros dias sem o remédio.
Foi aí que a mãe decidiu que faria de tudo para conseguir o composto.
“Acho que tenho o direito de fazer isso por ela, mesmo sendo uma coisa
ilegal”, diz.
Hoje, ela se considera uma legítima traficante e pede na justiça que seu ato deixe de ser crime.
Se der certo, Any será a primeira paciente de maconha medicinal no
Brasil. Sua história está contada no documentário “Ilegal”, de Tarso
Araujo e Raphael Erichsen, que foi lançado na noite desta quinta-feira
(27) em São Paulo. Os diretores iniciaram também uma campanha para produzir um site informativo inteiramente dedicado à maconha medicinal. Marie Claire apoia essa ideia. E você?
FONTE: JUS BRASIL
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