Namoro entre colegas de trabalho é alvo de polêmicas após decisão judicial
Apesar de ser cada vez mais comum, o relacionamento entre colegas de trabalho ainda divide opiniões e causa polêmica. Decisão judicial contra Renner faz voltar discussão sobre o tema
FONTE: JUSBRASIL
"Você
tem um sorriso lindo, apertadinho”. Esse elogio, aparentemente
despretensioso, foi a deixa necessária para a universitária Gabriela
Costa se encantar pelo relações públicas Caio Ribeiro. Eles se
conheceram há 10 anos, quando, na época, trabalhavam juntos prestando
serviço para o INSS. “Essa frase tem história, com direito a dois
personagens mirins lindos”, brinca ela, referindo-se aos filhos do
casal.
Casos como o deles, de relacionando amoroso no ambiente de
trabalho, é mais comum do que se imagina. Afinal, as pessoas passam
mais tempo na empresa do que em qualquer outro ambiente, inclusive o
familiar. Apesar disso, o assunto ainda é tema de polêmicas discussões.
Recentemente,
o Tribunal Superior do Trabalho (TST) determinou que a Renner
indenizasse em R$ 39 mil um empregado demitido por justa causa por
namorar uma colega. Após a dispensa, o funcionário, que trabalhou 25
anos na varejista, ingressou com na Justiça pedindo para reverter o tipo
de demissão, além do pagamento por dano moral e o das verbas
rescisórias.
A empresa alegou que houve falta grave por parte do
funcionário, que descumpriu uma orientação interna que impedia o
relacionamento amoroso entre superiores hierárquicos e subordinados,
mesmo fora das dependências da loja em que trabalham.
A Justiça,
por sua vez, entendeu que a demissão por justa causa é uma medida
extrema, já que eles mantinham o relacionamento fora da empresa. Para a
juíza, relacionamentos entre colegas de trabalho são “vicissitudes da
vida” e a proibição de namoro entre empregados fora do ambiente em que
trabalham ofende o direito da personalidade humana, à intimidade e à
vida privada. A Renner recorreu ao Tribunal Regional de Santa Catarina,
que manteve a condenação, e em seguida ao TST, que também manteve a
decisão.
AMOR x PRODUTIVIDADE
Pesquisa
indica que 54% das pessoas acreditam que relacionamento amoroso no
ambiente de trabalho não afeta a produtividade, 22% disseram que nunca
tiveram esta experiência pois não encontraram a pessoa ideal.
Legislação
O
Juiz titular da 1ª Vara do Trabalho de Salvador, Rodolfo Pamplona
Filho, explica que a legislação não fala em permissão ou proibição de
relacionamentos no ambiente de trabalho. “A lei, do ponto de vista
geral, não deve reprimir algo que é perfeitamente natural e
compreensível, que é o despertar de amores e paixões no ambiente onde
nós passamos a maior parte do tempo”. Para ele, qualquer ambiente pode
despertar amores e ódios, paixões e antipatias.
No entanto, o
magistrado faz uma provocação: “Qual é a justa diferença entre uma
cantada insistente e um assédio?”. A pergunta é válida porque - como nem
todo relacionamento termina bem - algumas organizações acabam vetando
esse tipo de contato em códigos de ética interno, o que é reprovado pelo
juiz baiano. “Esse tipo de código é ruim na ideia da proibição. Proibir
é algo que soa violador de um direito", opina.
A advogada
trabalhista Juliana Franco comunga da mesma opinião do magistrado: “Você
não pode impedir as pessoas de se envolverem, de se amarem e de se
apaixonarem. O que não pode é utilizar desse relacionamento para
favorecer ou prejudicar alguém”.
Para ela, ainda que o código de
ética proíba o relacionamento entre colegas, incluindo aqueles entre
chefe e subordinado, uma demissão com essa justificativa não é
aceitável. “Além de não ter respaldo jurídico, ela exacerba o direito
diretivo do empregador e viola a intimidade do funcionário”. Juliana
acredita que o desligamento deve estar associado a conduta do empregado e
não ao afeto dele para com outra pessoa.
Experiência
Como
relacionamento envolve sentimento, nem sempre as pessoas conseguem
separar a vida profissional da emocional. Foi por não conseguir
equilibrar essa equação que o analista de treinamento Ricardo Batista
pediu demissão, deixando para trás uma promoção que dobraria o seu
salário. Ele conta que estava com casamento marcado com o namorado, com
quem já estava há um ano e meio, quando foi surpreendido com uma
traição.
“Peguei ele com outra pessoa na casa onde íamos morar”.
Como vingança, mandou e-mail para os colegas de trabalho que tinham
participado do chá de cozinha informando o fato e solicitando que
pegassem os presentes de volta. “Como não suportava mais olhar na cara
dele, acabei pedindo as contas um mês e meio depois”, declara ele,
informando que hoje acredita no ditado popular: “Onde se ganha o pão,
não se come a carne”.
Mas, nem sempre as experiências amorosas
nascidas no ambiente de trabalho são ruins. Isso é o que garante Gisele
Maisck. Ela conheceu o marido há quatro anos, trabalhando em uma empresa
de telemarketing em Salvador. Na época, tanto ela quanto ele eram
atendentes e mal se falavam. “A gente só se via na troca de turno, ato
que não durava mais de 10 minutos. Mas, o destino estava traçado”.
Segundo
ela, o relacionamento decolou após os dois serem promovidos, para a
mesma função, e transferidos para outro site da empresa: “Após três
meses de paquera, fomos para a pausa juntos e, em 10 minutos, tudo
aconteceu. Com cinco meses de namoro, noivamos. Quatro meses depois,
casamos e, após três meses, estava grávida de Beatriz”, celebra.
Apesar
da velocidade dos fatos, Gisele diz que não passava pela sua cabeça
namorar um colega de trabalho. “Era completamente contra. Achava que a
proximidade estragava o relacionamento. Estava errada”, admite.
Mas,
já que não conseguiu colocar seu pensamento em prática, ela afirma que
sempre fez tudo para não deixar o relacionamento pessoal atrapalhar a
vida profissional, tarefa nada fácil, destaca ela. “Nunca escondemos
nada de ninguém. A parte da intimidade também ficava da porta da empresa
para fora. Agora, de vez em quando, confesso que rolava uma mensagem do
tipo: quem é essa que está na sua mesa? Ninguém é de ferro”, entrega
ela, que dentro de um mês, quando vence sua licença, voltará a ter o
marido lado a lado todos os dias no trabalho.
Discrição e transparência são a fórmula do sucesso, afirma jurista
Diante
de tantas opiniões, é natural que as pessoas que namoram colegas de
trabalho tenham dúvidas sobre como se comportar para não pisar na bola. A
advogada trabalhista Juliana Franco dá uma orientação: “Seja discreto.
Se perceber que o relacionamento está ficando sério ou se está a fim de
torná-lo público, avise ao superior”.
Vale ressaltar que a
comunicação é apenas para efeito de transparência, ou seja, caso não
queira tornar o fato público, não precisa comunicar a todos os colegas. O
Juiz titular da 1ª Vara do Trabalho de Salvador, Rodolfo Pamplona
Filho, complementa: “Evite as chamadas DRs no ambiente de trabalho para
não afetar a produtividade e não desencadear nenhum tipo de conduta que
possa ser vista como algo travoso à empresa”.
Contato maior,
principalmente os de corpo a corpo como beijos e abraços, também devem
ser evitados, segundo ele. “O ideal é que cada um cuide do seu
trabalho". E, caso a empresa tenha um código de ética que proíba o
relacionamento amoroso entre colegas, ele aconselha assumir as
consequências e dá um recado: “Entre o emprego e o amor, eu fico com o
amor”.
Para os relacionamentos entre chefe e subordinado, a
orientação, segundo Pamplona Filho, é a mesma: informar ao superior a
fim de ver se não há uma infração ética. “Caso tenha algum problema,
cogite a possibilidade de se transferir de área ou mudar de chefe”,
emenda ele, que é autor do livro “O Assédio Sexual na Relação de
Emprego”.
Produtividade não é afetada pelo namoro, revela pesquisa
Diferentemente
do que muitos empregadores pensam, namorar um colega de trabalho não
compromete a produtividade. Pelo menos é o que diz a pesquisa realizada
pela Trabalhando. Com Brasil no ano passado.
Segundo o estudo,
realizado com mais de 300 profissionais, 54% dos entrevistados acham que
esse tipo de relacionamento não atrapalharia sua performance
profissional. Deste total, 32% informaram que já se envolveram com um
colega. O curioso é que 22% disseram não ter se relacionado por não ter
encontrado um parceiro ideal, mas que se fosse o caso, isso não afetaria
seu
Fonte:http://www.correio24horas.com.br/detalhe/noticia/namoro-entre-colegas-de-trabalhoealvo-de-polemicas-apos-decisao-judicial/?cHash=8e7063bf74a291876093fdbfc7eebc9c
http://casamento.culturamix.com/vidaadois/relacionamento/relacionamento-amoroso-no-trabalhoepossivel-ou-nao
Nenhum comentário:
Postar um comentário