Defensora Pública de São João de Meriti também pensa que é 'Deus'.
Um desabafo pessoal
Publicado por Stella ... - 1 dia atrás
Quinta-feira,
6 de novembro 2014, fui covardemente destratada por uma defensora
pública do Fórum de São João de Meriti, onde sou parte de um ação desde
2008. A servidora pública, que ganha em torno de R$ 20.000,00 mensais,
disse, entre outras barbaridades, que não ia ler o processo porque
"estava muito cansada", que não era obrigada "a atender quem ela não
quer" e que minhas perguntas sobre as questões do processo eram
"inoportunas". Sem a menor urbanidade, agiu como se estivesse ali
prestando favor, deixando evidente que não queria atender ninguém e que
não se sentia no dever de me prestar nenhum esclarecimento sobre os
autos, sob a assistência dela.
Saí de lá sem ser acolhida no meu
direito, ao contrário, fui expulsa da sala dela, sob o olhar
indiferente dos demais funcionários da repartição. Voltei para casa
arrasada, profundamente ferida na minha dignidade. Nem sei como consegui
dirigir 38 km até minha casa. Entretanto, saí de lá convencida de que
ela não fez isso a mim por algo que eu fiz ou disse, não foi pessoal. A
naturalidade com que a defensora me desrespeitou deixou claro, ao menos
para mim, que ela está habituada a agir assim com qualquer pessoa,
indistintamente. Seria algo como: – Quer falar comigo, ok, então vai ver
o que eu faço. Seria uma forma padrão de punição, pela ousadia de
vencer a barreira de estagiários e atendentes, para conversar
diretamente com ela? Ou será apenas o abuso pelo abuso, fruta da certeza
da impunidade?
A defensora foi irascível, sem se preocupar com
as consequências da sua própria atitude. Sem o menor pudor, ela causou
transtorno, constrangimento e violou os meus diretos como se isso fosse
algo banal, recorrente no cotidiano dela. Diante da cena bizarra [cidadã
sendo agredida por defensora pública destemperada], a naturalidade dos
funcionários da Vara reforçou minha suspeita de que aquilo pode ser
muito corriqueiro por lá. Porém, para mim, aquela forma de tratamento
não tem nada de normal, muito pelo contrário. Vi aquilo como uma
estratégia perversa de negação do direito, uma tentativa de intimidação.
Afinal, quem vai querer procurar uma defensora que maltrata e ainda não
esclarece nada? A vida de quem precisa da defensoria pública já não é
fácil. Esperei seis anos por um encontro com a defensora, nove meses só
pelo direito de agendar (só agendam com o processo em mãos, dentro da
Defensoria), e mais uma semana entre a marcação e a data do atendimento.
Quem passa por isso e por todas as outras dificuldades do processo,
ainda vai ter ânimo para se ocupar de cobrar um atendimento digno? Raro.
O comum seria ‘deixar pra lá’. Só que, dessa vez não.
Fui à
Vara sozinha. Por sorte, tive a presença de espírito de não revidar, não
perder a cabeça e cair em discussão com ela. Apesar do impacto da
humilhação sofrida, não cedi. Olhei em volta e vi que, com uma única
palavra enviesada da minha parte e a ajuda do testemunho de funcionários
presentes, a defensora poderia facilmente passar de agressora à vítima.
Talvez isso até fosse o intento dela, me provocando raiva, como parte
daquele jogo nojento de subjugação e poder. Aguentei firme. Saí de lá
engolindo a seco, mas determinada a buscar amplamente o meu direito à
justiça. Mas isso tudo está me custando muito, inclusive o sono! Desde
quinta não durmo direito... Estou preocupado porque não faço a menor
ideia de como posso resolver o problema. Está sendo um desgaste imenso,
uma exposição que eu não gostaria de passar.
A decisão de abrir
mão da privacidade para publicar um fato lamentável como esse numa rede
social também é penosa para mim. Realmente, fico muito chateada por
expor publicamente um problema pessoal – sobretudo um caso de agressão –
para tentar ter um acesso digno à justiça. É duro, sinto vergonha. No
entanto, quantas pessoas não passaram e passam pelo que eu estou
passando? Pensando nisso, em dias onde a sociedade se debruça sobre
questões como “juiz não é Deus” e se mobiliza para cobrar acesso
igualitário à justiça e respeito aos direitos civis, resolvi publicar.
Tenho a esperança de que meu depoimento encontre pessoas que concordam
que abusos como esses não podem ficar impunes. E que juntos possamos ser
ouvidos!
A postagem é pública, para que possa ser compartilhada por
quem desejar. Peço a ajuda de todos.
Fonte:JusBrasil
ALGUNS COMENTÁRIOS:
Astenio Oliveira
12 votos
A autora do relato deveria informar o nome da Defensora. Ademais,
deveria enviar Ofício ao Chefe da Defensoria Pública do Estado do Rio de
Janeiro, pois, no mínimo, o episódio vai ser lançado nos assentamentos
da Defensora, dificultando eventuais promoções. Os cidadãos têm mais
direitos do que imaginam, mas normalmente não os exercitam.
19 horas atrás Responder Reportar
Jorge Roberto da Silva
3 votos
Só passamos a enfrentar "os poderosos" quando envelhecemos e nossa
visão passa a focar melhor os "tigres de papel" que aparecem pela
frente. O funcionário publico, seja de que nível for, tem a obrigação de
tratar o cidadão como seu patrão fosse. Quando exigimos tal tratamento
as bases em que eles se apoiam estremessem dando-lhes a nítida impressão
de ruir. Essa exigência em seus direitos, que como bem lembrou, não
exercitamos.
Danilo Perez Garcia
11 votos
Boa tarde, a Defensora Pública é antes de mais nada advogada vinculada à
Ordem dos Advogados, sujeita à fiscalização da Ordem e às normas e
penas previstas aos advogados, no mínimo, o relato demonstra quebra do
dever de urbanidade, podendo ser procurada a OAB local para
representação disciplinar contra a profissional.
Wanner Martins
1 voto
Desculpe, mas não há vinculação da Defensoria Pública com a ordem dos
advogados, até porque a Ordem é instituição de Direito Privado, já a
Defensoria tem natureza publica. Não Poderia, portanto, o privado
fiscalizar o público. Contudo, as Defensorias possuem suas casas
correcionais, o que pode ajudar no caso.
Sebastião B Santos
1 voto
Wanner está equivocado, pois, a defensora, antes de mais nada, é uma
advogada inscrita na Ordem, requisito sem o qual não poderia promover a
defesa de ninguém. Até mesmo os advogados da União (AGU) são inscritos
na Ordem e fazem parte dos advogados públicos. Portanto, a representação
pode sim ser efetuada perante a OAB local.
Felipe Demosthenes
10 votos
Isso também tem ocorrido aqui em Manaus. Alguns servidores públicos acham ter passado no concurso para Deus.
Admira ainda mais que no cargo de defensor acompanha o cargo ter que conversar com as pessoas, ouvir seus problemas e buscar solucioná-los.
Porém isso não ocorre, o que acontece é "estou em um cargo público, sou intocável, todos abaixo de mim não são nada e eu sou deus."
Admira ainda mais que no cargo de defensor acompanha o cargo ter que conversar com as pessoas, ouvir seus problemas e buscar solucioná-los.
Porém isso não ocorre, o que acontece é "estou em um cargo público, sou intocável, todos abaixo de mim não são nada e eu sou deus."
Sebastião B Santos
3 votos
Discordo. Pensam que passaram no concurso público para Diabo, pois,
Deus não age desse jeito. Deus não deixa uma pessoa necessitada na mão,
pode crer...
8 votos
Mais um relato triste, acho que esta Defensora esqueceu do Juramento,
que coloco abaixo caso ela leia esta matéria, ela pode relembra-lo.
"Prometo exercer a advocacia com dignidade e independência, observar a ética, os deveres e prerrogativas profissionais e defender a Constituição, a ordem jurídica do Estado Democrático, os direitos humanos, a justiça social, a boa aplicação das leis, a rápida administração da Justiça e o aperfeiçoamento da cultura e das instituições jurídicas"
"Prometo exercer a advocacia com dignidade e independência, observar a ética, os deveres e prerrogativas profissionais e defender a Constituição, a ordem jurídica do Estado Democrático, os direitos humanos, a justiça social, a boa aplicação das leis, a rápida administração da Justiça e o aperfeiçoamento da cultura e das instituições jurídicas"