Defensoria
28/11/2014
Número de pedidos de leito de UTI à Justiça cresce 241%.
Ontem, 81 pacientes estavam à espera de
leitos de UTI no Ceará. Ações judiciais movidas pela Defensoria Pública
em 2014 chega a 174. No ano passado, foram 51. Gestão mais eficaz
minimizaria carência, diz defensor
MAURI MELO
Há uma necessidade urgente de, aproximadamente, 70 leitos de UTI no Ceará. Ontem, eram 81 os pacientes na fila
Em 2014, o Núcleo de Defesa da Saúde
da Defensoria Pública do Ceará já ingressou na Justiça com pelo menos
174 petições iniciais para fornecimento de leitos de Unidade de Terapia
Intensiva (UTI) pelo poder público. No ano passado, foram 51 ações do
tipo. O crescimento é de 241%. Reunião, ontem, entre membros do Comitê
Executivo Estadual de Saúde do Conselho Nacional de Justiça (CNJ)
indicou ações para reduzir a fila de espera por leitos de UTI, que ontem
era de 81 pacientes.
De
acordo com o juiz da 6ª Vara da Fazenda Pública (área que julga ações
de saúde), Paulo de Tarso Nogueira, há uma necessidade urgente de,
aproximadamente, 70 leitos no Estado. Uma das soluções discutidas na
reunião é que municípios com mais de 100 mil habitantes invistam na
oferta de leitos do tipo. “Vamos convidar o Ministério da Saúde (MS)
para que visite essas cidades e possa enviar recursos que ajudem nesse
provimento”, indicou.
Sobral, Iguatu, Maracanaú, Caucaia,
Juazeiro do Norte, Crato e Itapipoca estariam na lista inicial de
municípios. “Se cada um criar 10 leitos, isso faz com que a demanda do
Interior não atinja tão fortemente a Capital”, destacou o juiz. A
discussão junto aos prefeitos e o MS está programada para acontecer em
janeiro.
O coordenador do Núcleo de Saúde da Defensoria, Dani
Esdras, afirmou que há ainda uma fila de liminares da Justiça
aguardando execução. Ele explicou que, muitas vezes, o paciente
necessita de leito em Unidade de Cuidados Especiais (UCE) ou até em
enfermaria e, por não haver vagas, acaba permanecendo na UTI.
Outra
realidade identificada expõe a inexperiência de alguns médicos, que não
utilizam os critérios de prioridade para o tratamento. “Vamos lutar
para que haja um organismo com profissionais que orientem o operador de
Direito”, destacou.
Conforme Esdras, 50% dos pedidos que ele
recebe são de pacientes atendidos nas Unidades de Pronto Atendimento
(Upas). “É preciso uma melhor gestão desses leitos. Na reunião, foi
discutido isso e também a necessidade de concurso público para
profissionais de saúde”, comentou o coordenador.
Uma das
estratégias propostas considera que, em casos de solicitação de leitos
de UTI, os pedidos sejam analisados por mais de um médico. “Precisa-se
criar leitos de UTI, sem dúvida, mas uma gestão mais eficaz poderia
minimizar a carência”, disse.
Liminares judiciais
O
encontro do comitê tratou, além do acúmulo de liminares concedidas para
oferta de leitos, da análise feita pela Justiça. O juiz Paulo de Tarso
Nogueira explicou que os gestores da Saúde do Estado indicam que muitas
concessões são feitas sem que haja real necessidade de internamento em
UTI. “Vamos nos reunir com alguns médicos e estudar protocolos e
critérios técnicos que possam ser usados para avaliar caso a caso”,
detalhou. A reunião está marcada para o próximo dia 19.
Saiba mais
A secretária-adjunta da Saúde do Estado, Lilian Beltrão, participou da reunião do Comitê Executivo Estadual de Saúde do CNJ.
Entretanto, a Secretaria da Saúde do Estado (Sesa) só se pronunciou através de nota.
No documento, a
secretaria ressalta que uma reunião será feita com o Ministério da
Saúde para “fechamento de prazos para aumento de recursos para novos
leitos de UTI em municípios cearenses”.
Foi informado ainda
que nos últimos sete anos houve aumento de 244 leitos de UTI no
Estado, que hoje são 870 (entre adultos, pediátricos e neonatais).
Os critérios para
admissão de pacientes em leitos de UTI seguem as orientações da
Sociedade Americana de Terapia Intensiva (SCCM), diz a Sesa.
As prioridades são
classificadas como: 1 (com doença aguda e reversível, necessitando de
suporte para manutenção de sua fisiologia), 2 (com doença aguda e
reversível, necessitando de monitorização), 3 (com doença crônica e/ou
irreversível, com agudização, com suporte ou monitorização, porém com
limitação de esforços terapêuticos).
FONTE: O POVO dia 7, a falta de leitos de UTI no Ceará
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