Em recurso ao STF, Genoino cita música de Chico Buarque e diz que não é "bandoleiro"
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Mauricio Camargo/Brazil Photo Press/Estadão Conteúdo - 12.set.2013
O deputado federal licenciado José Genoino (PT-SP), que diz, em recurso ao Supremo, que não aceita sua condenação
Com letra de música de Chico Buarque e ataques ao ex-deputado Roberto
Jefferson, delator do mensalão, a defesa do deputado federal licenciado e
ex-presidente do PT José Genoino (SP) entrou nesta sexta-feira (8) com
recurso no STF (Supremo Tribunal Federal) pedindo a sua absolvição. O
petista foi condenado à pena de 6 anos e 11 meses em regime semiaberto,
além de multa de R$ 468 mil, pelos crimes de corrupção ativa e formação
de quadrilha.
No recurso, o advogado Luiz Fernando Pacheco classifica o escândalo de
"maior ficção da história brasileira (...) urdida pelo maligno rancor de
Roberto Jefferson".
Ouça a música citada pela defesa de Genoino
O documento de 25 páginas é permeado pela letra da música "Canción por la Unidad Latinoamericana",
que fala de injustiça e dos rumos que a história pode tomar. Um dos
trechos da canção diz que "Lo que brilla con luz propia//Nadie lo puede
apagar" (em tradução livre: "aquele que brilha com luz própria ninguém o
poderá apagar"). A música de Pablo Milanés ganhou uma versão de Chico
Buarque em 1978.
Em vários momentos do recurso, o advogado exalta o caráter honesto de
Genoino e escreve que ele "não merece a pecha de bandoleiro" (sinônimo
para bandido) nem "aceita e jamais aceitará sua condenação" pelo
tribunal, embora a respeite. Acrescenta que Genoino "brigará, hoje e até
o fim de sua existência, todo dia, toda hora, todo mês e sempre" pela
sua inocência.
Além de desqualificar o depoimento de Jefferson, a defesa argumenta que
não há provas contra Genoino e chama a mídia que cobriu o julgamento de
"panfletária e reacionária". Segundo o advogado, Genoino se reunia com
os demais líderes partidários visando apoio ao governo e que isso "não
constitui, por óbvio, a prática de qualquer ilícito".
Alega que, para caracterizar crime de quadrilha, "é fundamental que
seja identificada a união do grupo com a expressa finalidade de praticar
crimes, o que não é o caso".
O recurso ressalta que os empréstimos bancários concedidos pelo Banco
Rural ao PT foram "necessários, lícitos, transparentes" e foram
totalmente quitados. Lembra ainda que as contas partidárias de 2003
foram aprovadas pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e que as de 2004
já possuem parecer técnico favorável à aprovação, e que em ambas os
empréstimos estão devidamente registrados.
O tipo de recurso apresentado por Genoino recebe o nome de embargos
infringentes e, em tese, pode reverter a sua condenação, uma vez que
obriga os ministros a analisarem novamente todas as provas do processo.
Porém, só têm direito a esse recurso os réus condenados por um placar
apertado, ou seja, que tiveram ao menos quatro votos favoráveis pela sua
absolvição, como é o caso de Genoino na sua condenação por quadrilha.
O advogado Luiz Fernando Pacheco deixa claro que pretende, com o
recurso, "conquistar coração e mente dos festejados novos membros" do
tribunal, ministros Teori Zavascki e Luís Roberto Barroso, que assumiram
depois que a primeira fase do julgamento já havia terminado. Durante a
análise dos chamados embargos de declaração, Barroso chegou a elogiar Genoino, um homem que "jamais lucrou com a política".
Fonte: uol.com.br de 08-11-2013
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