Genoino volta para a prisão; defesa diz que vai recorrer
Ex-deputado condenado no mensalão se apresentou nesta quinta na Papuda, um dia após STF ter determinado seu retorno à cadeia.
01 de maio de 2014 | 15h 11
Bernardo Caram e Ed Ferreira - O Estado de S. Paulo
BRASÍLIA - O ex-deputado federal José Genoino (PT-SP),
condenado no processo do mensalão, se apresentou nesta quinta-feira, 1,
ao Centro de Internamento e Reeducação (CIR), dentro do Complexo
Penitenciário da Papuda, em Brasília, um dia após o presidente do
Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, ter determinado o fim de sua
prisão domiciliar.
Dida Sampaio/Estadão
Quadro de saúde de Genoino não é grave, indicam exames
O advogado do petista, Cláudio Alencar, disse que vai recorrer ao plenário da Corte
para tentar reverter a decisão. Alencar justificou que, ao voltar para
uma situação estressante e sem alimentação balanceada, seu cliente pode
sofrer um mal súbito, apesar de ter apresentado melhora nos últimos
meses.
"Vamos recorrer pedindo ao plenário do Supremo que reveja essa
decisão e devolva ao deputado José Genoino a prisão domiciliar, que é a
mais adequada para a situação de saúde dele", disse o advogado.
O ex-deputado foi condenado a 4 anos e 8 meses de reclusão no regime
semiaberto por corrupção. Nesse sistema, o preso pode sair da cadeia
durante o dia para trabalhar, mas tem de retornar para dormir na prisão.
Preso em novembro do ano passado, Genoino ficou menos de uma semana na
Papuda. Alegando problemas cardíacos, foi transferido para um hospital
em Brasília e depois para prisão domiciliar. Anteontem, foi comunicado
de que deveria voltar à prisão.
Na chegada ao presídio, por volta das 15 horas, Genoino foi saudado
por um pequeno grupo de militantes petistas. Seu médico Geniberto Campos
acompanhou o retorno à prisão. "O médico particular veio na tentativa
de conversar com o médico do sistema, passar a ficha, passar o
prontuário, mas hoje não tem médico", disse Alencar.
O advogado informou que o cardiologista de Genoino ficará à
disposição para acompanhá-lo, mas questionou a falta de profissionais do
Estado.
"O sistema penitenciário é que deveria prover a todos os
internos o atendimento de saúde."
Procurada para explicar a falta de médicos no presídio, a assessoria
de imprensa da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal não
atendeu às ligações da reportagem até a conclusão desta edição.
Laudo. A decisão de Barbosa de mandar Genoino de
volta para a prisão se baseou num laudo de uma junta médica da
Universidade de Brasília (UnB) que descreveu o estado do ex-deputado
como estável e a cirurgia na aorta, à qual ele foi submetido em julho de
2013, como bem-sucedida.
O cardiologista do petista não questionou o documento da junta
médica, mas disse que o sistema penitenciário não é o local adequado
para tratar um paciente com esse quadro de saúde. De acordo com o
médico, Genoino fez exames anteontem e está bem, mas a maior preocupação
é a coagulação do sangue, que não está controlada e exige
acompanhamento na dosagem da medicação.
Antes de sair para se entregar, Genoino recebeu a visita de amigos e
familiares em casa, num condomínio fechado em Brasília. Seu filho,
Ronan, e seu irmão, deputado José Guimarães (PT-CE), foram vistos
entrando na residência. Segundo sua ex-assessora Débora Cruz, o petista
não demonstrou preocupação com possíveis complicações do seu estado de
saúde. "Ele estava forte e disse que vai cumprir o que foi determinado",
disse
FONTE: ESTADÃO
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