Em 4 anos, remuneração da
diretoria subiu 73%.
Por Fábio Brandt, André
Borges e Rafael Bitencourt
15/05/2014 -
E O SALÁRIOS DESTES TRABALHADORES???
O estouro do orçamento da
construção de Abreu e Lima e os indícios de que o negócio fracassaria não impediram
que os integrantes do conselho de administração da refinaria dessem um aumento
milionário para o teto de seus próprios salários no período em que o presidente
do conselho era Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras que hoje está
preso. Ele ocupou a função de 7 de março de 2008 a 27 de abril de 2012.
O Valor analisou as atas
sigilosas do conselho da empresa Refinaria Abreu e Lima S.A., subsidiária da Petrobras que existiu de 7 de março de 2008 a 16 de
dezembro de 2013.
Obra mais cara do PAC
Petrobras: A Abreu e Lima se tornou a obra mais cara do Programa
de Aceleração do Crescimento (PAC). Foto: Valor Econômico
Os documentos mostram que
o "montante global da remuneração" dos administradores e membros
titulares do conselho fiscal da refinaria subiu, por
decisão dos próprios beneficiários, de R$ 3,13 milhões para R$ 5,41 milhões de
2009 a 2012.
A diferença de R$ 2,29
milhões representou aumento de 73%.
No mesmo período, a
credibilidade de Abreu e Lima fez movimento
inverso e começou a diminuir.
Em pouco tempo, os contratos relacionados à construção da
refinaria ultrapassaram os US$ 2,5 bilhões que os ex -presidentes Luiz Inácio
Lula da Silva e Hugo Chávez esperavam gastar
juntos na empreitada.
Também foi ao longo desses
anos que cresceram especulações sobre a possibilidade de a Venezuela não entrar formalmente no negócio - algo que só foi
confirmado em 2013. Além disso, a partir de 2009, ganharam repercussão as irregularidades
encontradas pelo Tribunal de Contas da União (TCU) nas obras da refinaria.
A primeira decisão do
conselho de administração da refinaria sobre remuneração foi tomada em março de 2008.
Na ocasião, o
colegiado não quis fixar o valor dos salários porque a empresa estava a em
situação "préoperacional".
Na reunião seguinte, porém,
em 29 de maio de 2008, decidiram que os diretores da empresa teriam referência
na tabela de remuneração da Petrobras. O diretor-presidente do conselho estaria
na faixa "H1 " da tabela.
O diretor
financeiro-administrativo, na "B".
E o diretor industrial,
"F". Em várias reuniões seguintes foram aprovadas mudanças nos salários
com base na mesma tabela, sendo mencionadas outras faixas, como a
"J". A Petrobras não repassou sua tabela de remuneração.
Em 4 de março de 2009, o
conselho incluiu em ata, pela primeira vez, um valor global para a remuneração dos
administradores e membros titulares do conselho fiscal: R$ 3,13 milhões. Esse
seria o teto dos ganhos de abril de 2009 a março de 2010.
Daí em diante, uma vez
por ano, esse montante seria redefinido, valendo sempre para o período de abril
do ano de tomada da decisão a março seguinte.
Em 29 de março de 2010, o
teto foi para R$ 4,14 milhões. Em 29 de março de 2011 , para R$ 4,82 milhões.
Em 12 de março de 2012,
uma das últimas reuniões realizadas antes de Paulo Roberto sair da Petrobras e também
do conselho de Abreu e Lima, foi para R$ 5,42 milhões. No ano seguinte, em 27
de março de 2013, sob a presidência de José Carlos Cosenza, o teto foi, pela
primeira vez, redefinido para baixo: R$ 3,97 milhões.
Em 16 de dezembro de 2013, o conselho aprovou a incorporação da Abreu e Lima S.A. pela Petrobras e a empresa foi
extinta.
A Petrobras não respondeu às questões feitas pelo Valor sobre o tema.
FONTE: VALOR ECONÔMICO.
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